De facto, quando numa oração temos uma palavra negativa1 sem pausa entre ela e o verbo, dá-se a próclise, isto é, os pronomes átonos vêm antes do verbo, como vemos na Nova Gramática do Português Contemporâneo (Celso Cunha e Lindley Cintra, 17.ª ed., Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 311):
– Não lhes dizia eu?
(Mário de Sá-Carneiro, CF, 348)2
No entanto, «costumam os escritores do idioma, principalmente os portugueses, inserir uma ou mais palavras entre o pronome átono em próclise e o verbo, sendo mais comum a intercalação da negativa não»:
Era impossível que lhe não deixasse uma lembrança.
(Machado de Assis, OC, I, 563)»3 (idem, p. 314).
1Como não, nunca, jamais, ninguém, nada, etc.
2 Mário de Sá-Carneiro, Céu em Fogo, 2.ª ed. Lisboa, Ática, 1956.
3 Machado de Assis, Obra Completa, Rio de Janeiro, Aguilar, 1959.