De facto, neste ponto não estou de acordo com o meu douto Colega e bom Amigo Dr. José Neves Henriques, o que aliás raramente sucede, pois temos quase sempre as mesmas opiniões.
Remeto para o grande foneticista português A. R. Gonçalves Viana, o maior que tivemos, sobretudo para o que escreve na sua notável Exposição da Pronuncia Normal Portuguesa (Lisboa, 1892) §§ 58 a 70 (considerações sôbre a pronuncia do português do centro do reino no tempo de Camões), onde se lê designadamente: «os falares brasileiros [...] não representam [...] um português arcaico do continente [...] em estado de boa conservação. [...] Os dialectos do Brasil [...] revelam, decerto, muitos factos de interesse a respeito do léxico arcaico, pouquíssimos que elucidem a fonologia ou a sintaxe dos tempos do descobrimento e escassa colonização europeia das Terras de Santa Cruz». E mais adiante transcreve os aa finais das três primeiras estâncias dos Lusíadas conforme a pronúncia do século XVI, atribuindo-lhes a pronúncia fechada (= â) que actualmente se mantém e já era antiga.