O vocábulo porquê pode ser advérbio interrogativo e substantivo.
1) Advérbio interrogativo:
a) Andas triste, porquê? Anda, fala e diz-me lá porquê.
b) Porquê tanta maldade no mundo?
2) Substantivo:
É substantivo, quando significa causa, motivo, razão:
c) Precisamos de investigar o porquê dos acontecimentos para os compreendermos.
O nosso escritor Fernão Lopes, do séc. XV, escreveu esta frase:
d) Acorramos ao Mestre, amigos, acorramos ao mestre, que matam sem porquê.
Como substantivo, pode-se empregar no plural:
e) Os porquês de tudo isto sei-os, mas não os digo.
Como advérbio, porquê pode-se empregar no princípio, no meio e no fim da frase:
f) Porquê tudo isto?
g) Respondi assim não sei porquê, mas para a outra vez hei-de pensar melhor.
h) Respondi assim, mas não sei porquê.
Como advérbio, emprega-se porquê no princípio da frase, quando se omite o verbo. É o que vemos, por exemplo, nas frases b) e f).
Com o verbo expresso, substitui-se porquê por porque:
i) Porque aconteceu tudo isso? (Cf. frases).
Com frases desta natureza, podemos também empregar o porquê no fim:
j) (Há) tantas maldades no mundo porquê?
l) Tudo isto (aconteceu) porquê?
Quando porquê vem no princípio da frase, pode ser precedido de palavras como mas, então, mas então:
m) Mas / Então / Mas então porquê tudo isso?
Note-se o seguinte: na frase g), o porquê está no interior da frase, mas no fim da oração. Isto é, porquê pode-se empregar no fim da frase e no fim da oração.
Porquê pode-se empregar no início duma frase com verbo expresso, quando esse verbo está no infinitivo pessoal:
n) Porquê acreditar em tudo isso?
o) Porquê acreditarmos nós em tudo isso?