Podemos encarar porque quer como conjunção coordenativa quer como conjunção subordinativa.
Celso Cunha e Lindley Cintra, na Nova Gramática do Português Contemporâneo (Lisboa, Edições João Sá da Costa, 1984, págs. 577 e 581) classificam porque do seguinte modo:
a) como conjunção coordenativa explicativa, podendo substituir pois: «Dorme cá, pois quero mostrar-lhe as minhas fazendas.» (Aquilino Ribeiro, Malhadinhas — Minas de Diamantes, Lisboa, Bertrand, 1958, pág. 45) = «Dorme cá, porque quero mostrar-lhe as minhas fazendas.»
b) como conjunção subordinativa causal: «Tenho continuado a poetar, porque decididamente se me renovou o estro.» (Antero de Quental, Cartas, 2.ª ed. Coimbra, Imprensa da Universidade, 1921, pág. 357).
Em a), porque introduz a justificação de uma ordem («dorme cá»), pelo que marca valor explicativo. Em b), a conjunção introduz uma oração que se refere à causa do acontecimento ou situação expressos pela oração subordinante — trata-se de um porque causal.
Note-se, no entanto, que porque é muitas vezes ambíguo, marcando os dois valores. Por exemplo, no caso de b), também se pode dizer que porque é uma conjunção explicativa, na medida em que se justifica o enunciado «tenho continuado a poetar» (ver Textos Relacionados).