Tanto mesmo como próprio são pronomes demonstrativos actualmente correctos no contexto em causa.
Quanto ao uso do pronome pessoal ele na frase, alguns gramáticos consideram mais correcto o emprego de si, uma vez que o contexto subentende uma acção (ver, contar, escrever) que recai sobre o próprio sujeito; o pronome ele tem, portanto, valor de reflexividade e deveria ser substituído por si: «Lobo Antunes [visto/contado/escrito] por si mesmo/próprio.»
Evanildo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa, Rio de Janeiro, Editora Lucerna, 2002, pág. 178/179) comenta assim a concorrência entre si e ele quando há reflexividade:
«A partir do português contemporâneo (séc. XVIII para cá), nasceu a possibilidade de o pronome tônico si, nas construções reflexas, ter a concorrência do pronome ele, também preposicionado, em orações do tipo:
"(...) perguntou Glenda, sentindo que a pergunta não era dirigida apenas a Pablo, mas também a ela própria." [...]
"[a amante] viu diante dela o meu eugênico amigo." [...]
Esta novidade da sintaxe tem contra si o fato de às vezes fazer perigar a interpretação da oração, que só se resolve pela ajuda do contexo:
João levou o livro para ele.»