A introdução de palavras estrangeiras na nossa língua ocorre por vários motivos. O primeiro – que considero legítimo – é a designação de algo que antes não existia ou não era conceitualmente considerado como existente. São os termos, por exemplo, de informática, química, física, economia ou até de filosofia.
Outra razão tem que ver com processos retóricos. Para uma pessoa se afirmar em determinados meios, poderá empregar palavras de origem estrangeira para tentar se distinguir, para dar a ideia (falsa) de que conhecemos mais o mundo, que somos mais viajados.
Uma terceira vertente da introdução de palavras estrangeiradas é a assimilação de outras línguas. Para muitos dos portugueses que emigraram para a França, as primeiras férias que tiveram na vida foram «vacanças». Há mais de trinta anos os açorianos que voltavam de visita usavam o termo «naifa» – faca, pronunciado com sotaque açoriano, tem um som que se assemelha a uma palavra de calão em inglês.
A introdução de palavras no nosso idioma ocorre não pela vontade do linguista ou do gramático, mas pelo uso. Há casos em que não dá para evitar. Alguns termos sofrem adaptação, com a aproximação das formas às do português: usamos computador, palavra que é originária do português computar – e não «compiuter» ou «computor».
Outras palavras entraram no idioma sem a possibilidade de este processo de adaptação ser empregue e nisso o português utilizado no Brasil é mais permeável: ripi (de «hippie») – com o adjectivo derivado ripongo (uma forma pejorativa de chamar alguém que vive como se o movimento dos anos 60 ainda esteja em seu fulgor), contêiner (de «container») e pênalti (de "penalty") encontram-se entre os exemplos que são já considerados na norma culta. Alguns outros ainda temos tempo de evitar: «escanear» (digitalizar) ou "printar" (imprimir), entre outros.
Quanto ao plugue, originalmente não era o mesmo que tomada. Tratava-se do tipo de ligação que não era destinada à corrente principal, como por exemplo a dos fones de ouvido ao equipamento de som. Hoje tornou-se sinónimo da expressão que é conhecida entre os electricistas por tomada-macho.