Pelo que pudemos compreender, a consulente refere-se a conceitos propostos pelo Dicionário Terminológico (DT) e não pelo novo Acordo Ortográfico. É partindo deste pressuposto, incorrendo voluntariamente no risco de estarmos equivocados, que a nossa resposta será orientada.
De facto, na Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra (p. 82), encontramos a referência a palavras simples e palavras compostas (e não complexas). Os autores referem que as palavras simples «possuem apenas um radical, sejam primitivas, sejam derivadas» e apresentam o exemplo que a consulente indica: pedreiro (palavra de base pedr- + sufixo derivacional - eiro). Quanto às palavras compostas, estas são, como sabemos, aquelas que «contêm mais de um radical» (como quebra-mar, guarda-marinha, aguardente ou pontapé). A proposta de Cunha e Cintra é diferente da aceção de palavra simples e de palavra complexa formulada no âmbito do DT. Segundo os supracitados autores, todas as palavras derivadas, como já indicámos, são consideradas palavras simples, ao passo que o DT apresenta uma categorização distinta, tendo por base as noções de afixos derivacionais e de afixos flexionais.
No DT encontramos as seguintes definições de palavra simples e de palavra complexa (não confundir com palavra composta): palavra simples – formada por um único radical, sem afixos derivacionais, mas podendo exibir afixos flexionais (por exemplo, casas: palavra de base casa + o afixo flexional s); palavra complexa – formada por derivação ou por composição (no dicionário terminológico disponível na rede, são dados como exemplos desta categoria as palavras caseiro e «casa de banho»). Também na Gramática da Língua Portuguesa, de Maria H. M. Mateus, encontramos a mesma distinção entre palavra simples («leve, livros, cantar») e palavra complexa («leveza, livrinho, desligar»). Note-se que, de acordo com a mencionada gramática, o radical das palavras simples é uma forma que não podemos decompor, ao passo que o radical das palavras complexas é uma forma complexa que integra dois ou mais constituintes morfológicos, sendo um dos quais um radical simples. A derivação é, por conseguinte, uma forma de expansão do radical. Mais sobre o assunto aqui.
Quanto ao aumentativo netão, verificamos que à forma de base net- é associado o sufixo avaliativo -ão. Recorde-se que o valor desta categoria de sufixos, de acordo com Cunha e Cintra na Nova Gramática do Português Contemporâneo, é «mais afetivo do que lógico». No entanto, não verificámos o registo nem o recurso a este termo nas fontes por nós consultadas, ainda que num determinado contexto – digamos, o círculo familiar/íntimo – o mesmo possa, evidentemente, ser aplicado, uma vez mais, tendo presente o seu «valor afetivo».