Com o numeral cardinal, não se faz concordância e deve dizer-se «página trinta e um», considerando-se que a expressão é elipse de «página (número) trinta e um». É isto que diz Celso Cunha na sua Gramática do Português Contemporâneo (Belo Horizonte, Editora Bernardo Alves, 1970, p. 197; mantém-se a grafia original):
«4.º Na enumeração de páginas e de fôlhas de um livro, assim como na de casas, apartamentos, quartos de hotel, cabines de navio, poltronas de casas de diversões e equivalentes empregam-se os CARDINAIS. Nestes casos sente-se a omissão da palavra número:
Página 3 (três)
[...]
Cabine 2 (dois)
[...]
Casa 31 (trinta e um) [...]
Se o numeral vier anteposto, usa-se o ordinal:
Terceira página
Oitava fôlha
Segunda cabine
Trigésima primeira casa [...].»
Evanildo Bechara, na Moderna Gramática Portuguesa (37.ª edição, de 2009), entende que também é assim, embora apresente argumentação ligeiramente diferente:
«Na referência a páginas ou capítulos de livro, usam-se as preposições em ou a. Com em emprega-se a palavra página, folha ou capítulo no singular seguida do cardinal, se for superior a dez, podendo até aí usar-se o ordinal, anteposto ou posposto:
Na página 32 há um erro de revisão / na folha 32 / no capítulo 32
Na página dois faltou uma vírgula / na folha 2 / no capítulo dois
Na página segunda ou na segunda página / na folha segunda / no capítulo segundo
Com a preposição a, usa-se o substantivo no plural:
A páginas 12/A folhas 12
Note-se que se pode dizer "à página dois", "a páginas duas", "a páginas vinte e uma", "a páginas tantas", "na página dois", "na página vinte e um", "na página vigésima primeira". Em resumo: com página, no singular, o cardinal fica invariável; com páginas, no plural, o cardinal se flexiona em gênero. O ordinal se flexiona sempre: "página primeira", "páginas vigésima primeira".»