Os verbos são usados em construções diferentes. Hoje em dia, no Português europeu, o verbo costumar não é usado no particípio passado nem tão-pouco nos tempos do pretérito perfeito ou mais-que-perfeito, do mesmo modo que não aparece conjugado no futuro ou no condicional. Por este motivo, a frase «eu estou costumada» é agramatical, só podendo ser construída com o particípio do verbo acostumar. Este último, curiosamente, não apresenta nenhuma dessas restrições. Verifica-se, contudo, que acostumar não pode ser imediatamente seguido de um verbo no infinitivo, construção perfeitamente admissível com costumar. Assim, é gramatical eu costumo fazer mas não «eu acostumo fazer».
Passando concretamente à sua última questão, tanto podemos ter «eu costumo» como «eu acostumo», dependendo do contexto. A primeira é possível, por exemplo, na frase «eu costumo ir dançar». A segunda é possível, por exemplo, na frase «eu acostumo mal a Joana». Há uma diferença de significado fundamental entre estes costumar e acostumar. O primeiro denota «um determinado procedimento habitual, uma prática constante», ao passo que o segundo aparece mais com o sentido de «fazer adquirir ou adquirir um hábito ou costume».