DÚVIDAS

Os verbos conversar e chatar

No decorrer de uma tradução (francês para português), destinada a uma camada jovem, surgiu-me a palavra "chat", a qual traduzi por "chat" pois é muito utilizada, e mais tarde surgiu a palavra "chatter", a qual traduzi por "conversar". A revisora da tradução afirma que "chatar" existe e que devíamos utilizar essa palavra. Insisti para que a palavra "conversar" fosse deixada em português, mas já agora gostaria de saber a vossa opinião quanto a este assunto.
Muito obrigada desde já.

Resposta

Uma língua viva está em constante mudança, que se manifesta, sobretudo, através da introdução de neologismos, muitas vezes na forma de estrangeirismos que, aos poucos, se vão adaptando à estrutura da língua. A palavra “chat” já entrou ao mesmo tempo que o conceito que dela carece. O Grande Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora (2004) já a refere. E se a grafia não sofreu qualquer alteração, a pronúncia, essa, já faz daquele a, um a aberto, português. Daí ao verbo “chatar”, será o passo que do telefone conduziu a telefonar ou do telégrafo a telegrafar. A palavra “chatar” não está dicionarizada, mas é, efectivamente, aplicada pelos que comunicam por “chat”, e encontramo-la facilmente numa pesquisa do Google. Será que podemos impedi-la de entrar na língua? Não creio. Até porque a mensagem que veicula não cabe no verbo conversar. Como nele não cabe o sentido pleno de telefonar. Será adequado introduzi-la numa tradução que se reporte à realidade que lhe está subjacente? Sinceramente, creio que sim.

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa