A Nova Gramática do Português Contemporâneo classifica -são como sufixo que forma substantivos a partir de verbos (sufixo de nominalização deverbal) indicando «acção ou resultado dela». O sufixo -são, tal como o sufixo -ção, depreende-se de substantivos abstractos deverbais quase todos formados no próprio latim. Segundo Said Ali (1971), muitos destes vocábulos datam da mais antiga fase do português, outros surgiram depois, e outros surgiram segundo o modelo de formação latina. O verbo derivante pode ser de linguagem popular ou de fonte erudita. Assim, as formas progressão (do latim ‘progressione’) e regressão (do latim ‘regressione’) são substantivos deverbais tendo como radicais os verbos progredir e regredir, respectivamente. O Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa Nova Fronteira evidencia precisamente a ocorrência dos verbos progredir e regredir com uma datação anterior à ocorrência dos substantivos progressão e regressão. No entanto, a forma digressão (do latim ‘digressione’) não foi originada por derivação, pois o sufixo -são presente no substantivo não corresponde a um verdadeiro sufixo. A forma verbal digredir não se encontra registada em nenhum dicionário da língua portuguesa, logo não é possível afirmar que o radical de digressão possa ser o verbo *digredir. Apenas surge dicionarizada a forma digressionar no Dicionário Houaiss, no Grande Dicionário da Língua Portuguesa (Porto Editora) e no Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, originada a partir do substantivo digressão. Para mais esclarecimentos, verificar as seguintes referências: Ali, Said. Gramática Histórica da Língua Portuguesa, 7.ª ed. 1971. Livraria Académica. Rio de Janeiro.Correia, Margarita (1999), capítulos 3 e 6. A denominação das qualidades – contributos para a compreensão da estrutura do léxico português. Lisboa: dissertação de doutoramento, Faculdade de Letras da UL. (inédito).Cunha, Celso; L Cintra. (1986). Nova Gramática do Português Contemporâneo. 14.ª edição. Lisboa: Edições João Sá da Costa.Cunha, António Geraldo. (1987). Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. Lisboa. Nova Fronteira.