Na Nova Terminologia para os Ensinos Básico e Secundário propõem-se algumas reformulações que procuram tornar mais explícitos conceitos que, embora não fazendo parte da Nomenclatura Gramatical Portuguesa, ratificada pela Portaria n.º 22 664, de 28 de Abril de 1967, e agora revogada, foram entrando no estudo da língua. É o caso do conceito de determinante, que, paulatinamente, veio substituir os conceitos de adjectivo (demonstrativo, possessivo, etc.) ou de pronome adjunto, agrupando um conjunto de subclasses de palavras que se caracterizam por ocorrer sempre à esquerda do nome.
Tomando como exemplo o que acerca dos determinantes se diz na obra A Língua e a Norma: Gramática Pedagógico-Didáctica do Português, de Cristina Mello e José Neves Henriques, Lisboa, Plátano Editora, estes podem ser:
Articulares, que incluem os artigos definidos e indefinidos;
Demonstrativos;
Possessivos;
Quantitativos indefinidos, que designam quantidades não definidas;
Quantitativos definidos, que são os numerais;
Ora, se analisarmos a Nova Terminologia, verificamos que são definidas duas classes distintas:
Determinantes (B3.1.8), onde se incluem
Artigos;
Demonstrativos
Possessivos
Determinantes nulos, que designam a possibilidade de não ocorrência de determinantes em nomes como, por ex., Lisboa, etc.
Quantificadores (B3.1.10), tendo como subclasses:
Quantificadores universais: todo(s), toda(s), ambos, cada e qualquer;
Quantificadores indefinidos: alguns/alguns, bastantes, certo(s), certa(s), outro(s), outra(s), tanto/s), tanta(s), vário(s) e vária(s);
Numerais, que equivalem aos determinantes quantitativos definidos;
Quantificadores relativos: cujo(s), cuja(s), quanto(s), quanta(s);
Quantificadores interrogativos: que, quanto(s), quanta(s).
Se compararmos estas listas com as que surgem na gramática já referida, veremos que, na prática, os determinantes quantificadores indefinidos foram divididos em dois grupos: os quantificadores universais e os indefinidos. Distinguem-se pela mensagem que transmitem:
os universais induzem «… uma leitura do grupo nominal relativa a todos os elementos do conjunto considerado». Ex.: «Todo o homem é mortal.» Têm ainda a característica de poderem vir seguidos de um artigo ou de um demonstrativo «todos os homens/todos estes homens»;
os indefinidos induzem dois tipos de leitura:
existencial, designando uma parte de um grupo: «Alguns alunos faltaram ao teste»;
relativa a um valor considerado como referência, designando que determinada parte de um grupo se desvia da média, sendo superior: «Bastantes alunos faltaram ao teste», ou inferior: «Poucos alunos faltaram ao teste».
Os quantificadores relativos, tal como os interrogativos, não têm sido considerados pela tradição como determinantes, sendo referidos, muitas vezes em nota, quando se abordam os pronomes. Ora, eles distinguem-se dos pronomes porque acompanham sempre um nome, que antecedem:
Q. Relativos: «Vou comer quantas maçãs me apetecerem», frase equivalente a «Vou comer as maçãs que me apetecerem».
Q. Interrogativos: «Quantos anos tens?»
As definições que apresento são retiradas de uma base de dados, que está disponível “on-line” em http://www.deb.min-edu.pt/curriculo/terminologia_linguisticaabertura.asp#Terminologia%20Linguística.
Existe também em CD-Rom, mas creio que não foi comercializado. Além disso acaba de ser publicada a obra Saber Português Hoje: Gramática Pedagógica da Língua Portuguesa: 3.º Ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário, da autoria de Luísa Oliveira e Leonor Sardinha, Lisboa, Didáctica Editora. Esta gramática tem por base a nova terminologia.
Se a consulente é professora, aconselho-a a estar atenta ou a contactar o centro de formação da sua área, pois tenho conhecimento de que estão a ser realizadas acções de formação de divulgação desta nova terminologia.