A minha interpretação aproxima-se muito da sua. Temos, efectivamente, dois complementos determinativos — ou complementos do nome, se utilizarmos a nova nomenclatura em Portugal — associados cada um a um nome diferente, como refere. O facto de se considerarem ou não os dois complementos depende do grau de profundidade a que se pretenda levar a análise. Se se quiser fazer uma análise em que se identifique apenas o grupo nominal na sua globalidade, por exemplo na identificação do sujeito numa frase do tipo «O Auto da Barca do Inferno é uma crítica social», então a sequência «O Auto da Barca do Inferno» constitui uma unidade. Mas podemos fazer uma análise mais exaustiva, identificando as relações que se estabelecem no interior da expressão, ou grupo nominal:
Grupo nominal: «O Auto da Barca do Inferno»
Núcleo do grupo nominal: «O Auto»
Complemento do nome «auto»: «da Barca do Inferno»
Complemento do nome «barca»: «do Inferno»
Não há, em termos de análise sintáctica, uma obrigatoriedade de se ser exaustivo em cada análise. Tudo depende do objectivo que se pretende atingir.
Bom trabalho!