DÚVIDAS

Os complementos determinativos na expressão «Auto da Barca do Inferno»

Na expressão «Auto da Barca do Inferno», quantos (e quais) complementos determinativos temos?

Devemos considerar «da Barca do Inferno» complemento determinativo de «Auto», e «do Inferno» complemento determinativo de «barca»? Ou devemos considerar separadamente «da Barca» e «do Inferno»?

Haverá outra forma de analisar a expressão?

Obrigada.

Resposta

A minha interpretação aproxima-se muito da sua. Temos, efectivamente, dois complementos determinativos — ou complementos do nome, se utilizarmos a nova nomenclatura em Portugal — associados cada um a um nome diferente, como refere. O facto de se considerarem ou não os dois complementos depende do grau de profundidade a que se pretenda levar a análise. Se se quiser fazer uma análise em que se identifique apenas o grupo nominal na sua globalidade, por exemplo na identificação do sujeito numa frase do tipo «O Auto da Barca do Inferno é uma crítica social», então a sequência «O Auto da Barca do Inferno» constitui uma unidade. Mas podemos fazer uma análise mais exaustiva, identificando as relações que se estabelecem no interior da expressão, ou grupo nominal:

Grupo nominal: «O Auto da Barca do Inferno»
Núcleo do grupo nominal: «O Auto»
      Complemento do nome «auto»: «da Barca do Inferno»
          Complemento do nome «barca»: «do Inferno»

Não há, em termos de análise sintáctica, uma obrigatoriedade de se ser exaustivo em cada análise. Tudo depende do objectivo que se pretende atingir.

Bom trabalho!

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa