A expressão «letras garrafais» designa, em gíria jornalística, os caracteres tipográficos a partir do corpo 72, embora só acima dos cem pontos o leitor comece a ter uma sensação visual forte. Os títulos impressos nestes corpos [o tamanho da letra] têm de ser curtos, para adquirirem «volume» na página. A imprensa séria só em situações excepcionais utiliza corpos de letra dessa dimensão, mas a imprensa sensacionalista recorre a eles com frequência, para induzir no leitor uma ideia de importância que as notícias e as reportagens geralmente não têm.
A origem da expressão é, na minha opinião, espanhola.
Há, em Espanha, uma espécie de ginja designada por ginja garrafal [em Portugal também existe a mesma designação], que se caracteriza por frutos maiores e mais duros do que os das restantes espécies. O garrafal, aqui, não tem qualquer relação com garrafa e aparece associado a uma noção de grandeza.
Em Espanha, a palavra evoluiu nesse sentido e é um adjectivo aplicado generalizadamente para qualificar uma ordem de grandeza fora do comum.
Por exemplo: «un error garrafal» (sinónimo de «erro monumental» ou «erro enorme»).
De igual modo, uma «letra garrafal» é uma letra «monumental», «enorme», etc.