A frase apresentada pelo consulente, «Expulsaram o aluno João Ferreira, que brigou na escola», admite duas interpretações sintáticas e só o contexto poderá indicar qual a adequada.
Poderá ser considerada uma oração coordenada explicativa, uma vez que, segundo o Dicionário Terminológico, as orações coordenadas explicativas apresentam «uma justificação ou explicação para que se torne legítimo o ato de fala expresso pela frase ou oração com que se combina[m]». Assim, na frase referida pelo consulente, a afirmação de que o João foi expulso é justificada pelo facto de este ter brigado na escola. Repare-se que, no caso das coordenadas explicativas, não é possível extrair uma relação de causa real, ou seja, nesta frase o facto de este aluno ter brigado na escola pode não ter sido o motivo real da sua expulsão da instituição, sendo que este facto é antes apresentado como uma justificação da afirmação apresentada na primeira oração.
No fundo, as coordenadas explicativas são pequenos textos argumentativos organizados da seguinte forma: «Eu digo x porque y».
Porém, a oração «que brigou na escola» pode também ser interpretada como uma relativa explicativa, na medida em que poderá relacionar-se com o antecedente «João Ferreira». Neste caso, a oração em questão apresenta uma informação complementar sobre o antecedente. Ora, de acordo com o Dicionário Terminológico, a principal função das orações subordinadas adjetivas explicativas é contribuir com informação «adicional sobre o antecedente». Isto significa que a função destas orações é apenas fornecer informação acrescida sobre um constituinte da frase. Normalmente, estas orações desempenham a função sintática de modificadores apositivos, segundo a terminologia portuguesa, ou aposto, segundo a nomenclatura gramatical brasileira.
Portanto, apenas o contexto de utilização da frase poderá indicar qual a sua interpretação.