Designa-se por objecto nulo a omissão do complemento/objecto directo do verbo na frase. Em português, há omissão do objecto directo em duas situações (cf. Maria Helena Mira Mateus e outras, 2003, Gramática da Língua Portuguesa, Lisboa, Editorial Caminho, pág. 412):
1. Com verbos transitivos como comer, beber, ler, escrever, que podem ser usados como verbos intransitivos, quando interpretados como processos ou actividades:
(i) «Ele comeu e depois leu.»
A frase (i) pode ser parafraseada como «ele esteve a comer qualquer coisa e depois esteve a ler qualquer coisa», de modo a salientar a actividade de comer e ler.
2. Na construção de objecto nulo propriamente dita, que se verifica quando se pode recuperar informação do discurso anterior:
(ii) «Compraste o jornal?» «Comprei.»
(iii) «Ontem passei na livraria, onde estavam a lançar o novo livro do Harry Potter. Eu não comprei, mas houve quem comprasse.»
Na segunda frase de (iii), é possível a paráfrase seguinte, com objecto directo explícito: «Eu não o comprei, mas houve quem o comprasse.»