De facto, existe nos textos escritos em inglês o hábito de hifenizar, muitas vezes com ironia, expressões que se tornaram lugares-comuns, assim transformando-as em adjectivos. O exemplo português da pergunta parece reflectir essa influência e sugere uma nova possibilidade de criar neologismos. Note-se que este uso do hífen não é canónico, isto é, não está de acordo com as regras ou com a prática de aplicação deste sinal, que indica sempre uma palavra composta (guarda-nocturno) ou derivada (anti-rugas). Tem, em princípio, uma vida efémera, dependente da frequência de uso desses lugares-comuns, muitas vezes ligados a fenómenos da moda. Eu diria que se trata, em todo o caso, de um uso estilístico do hífen, parecendo-me que se poderia até recorrer a aspas, justamente para indicar que a expressão é como que citada pela pessoa que a inclui no seu próprio discurso.
N.E. – Sobre os critérios de hifenização depois do Acordo Ortográfico de 1990, acompanhe-se a explicação do gramático brasileiro Sérgio Nogueira em registo de vídeo: