As duas primeiras perguntas que apresenta são as perguntas-chave dos teóricos literários: o que é a literatura, o que faz de um texto um texto literário e o que é, afinal, a literariedade?
Como se imagina, as respostas são várias, dependendo sobretudo dos “cânones” vigentes mas, de um modo geral, a literariedade de um texto é proporcional à sua universalidade e profundidade, à sua capacidade para representar poeticamente a condição humana, usando, para isso, recursos formais sofisticados.
O texto literário deve, como disse Horácio, «instruir e deleitar». Deve ser um manifesto e uma causa de criatividade representando, ao mesmo tempo, um conjunto de valores e conceitos ético-pedagógicos.
Quanto aos conceitos de literatura popular e de literatura oral, devo referir, antes de mais nada, o seu carácter próximo mas distinto. A primeira remete tanto para a produção como para os meios de difusão deste tipo de literatura, ou seja, remete para a classe sociocultural que a elabora (o 'populus', o povo) e/ou remete para o meio em que ela circulava (idem). Neste tipo de literatura a primazia estava na divulgação do imaginário popular e do folclore nacional: dela faziam parte os poemas épicos, os rimances, os contos, as fábulas, as lendas e, mais tarde, os folhetos de literatura de cordel ou os folhetins.
O segundo conceito, o de literatura oral, remete sobretudo para o modo como esta era “emitida”, através da voz e da audição, ao longo de gerações [apesar de não ser obrigatoriamente produzida e destinada para o povo, característica que a diferencia da literatura popular]. Também aqui se incluem alguns dos subgéneros enunciados em cima: os poemas épicos, os rimances, os contos, as fábulas ou as lendas. De referir é ainda o facto de a tradição oral estar na origem de livros com importância histórico-literária e ideológica como a Bíblia ou a Odisseia.