A expressão «é bom de crer» é equivalente a «é fácil acreditar, admitir», «é crível». O Dicionário Estrutural, Estilístico e Sintáctico da Língua Portuguesa (Porto, Livraria Chardron e Lello e Irmão Editores), de Énio Ramalho, regista «é bom de ver», expressão sintacticamente próxima, mas com valor de maior certeza, que significa «não é difícil compreender». O referido dicionário também regista isoladamente a entrada «bom de», com o sentido de «fácil de», atestada pela frase «este ponto de malha é bom de fazer com uma agulha grossa». Concluo, portanto, que as expressões «é bom de crer» e «é bom de ver» constituem casos particulares da associação de «(é) bom de» a um verbo no infinitivo, ocorrendo como predicados de uma oração completiva («é bom de crer/ver que o João não é mau rapaz»), como orações intercaladas («o João, é bom de crer/ver, não é mau rapaz») ou inseridas numa oração conformativa («como é bom de crer/ver, o João não é mau rapaz»).