Cultura é um termo muito abrangente que pressupõe várias áreas, e o próprio conceito sociológico não se restringe ao domínio da sociologia.
Seguindo os dicionários, cultura é definida, no âmbito da sociologia, como o «sistema de valores, conhecimentos, técnicas e artefactos, de padrões de comportamento e atitudes que caracteriza uma determinada sociedade» (Dicionário Universal da Língua Portuguesa, Ed. Melhoramentos, 1972) ou, também, como o «conjunto de costumes, práticas, comportamentos que são adquiridos e transmitidos socialmente de geração em geração: "cultura asteca", "cultura inca", "cultura greco-latina", "cultura latino-americana", "cultura ocidental"» (Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa, 2001). Pelo facto de estar intimamente associada às particularidades de um determinado povo ou de uma civilização, o termo cultura refere-se, ainda, ao «património literário, artístico e científico de um grupo social, de um povo», o que está patente na seguinte frase: «Recuperar os monumentos antigos é preservar a nossa cultura» (idem).
Por sua vez, se não nos quisermos limitar a estas fontes tão abrangentes e optarmos por direccionarmos a nossa pesquisa a bibliografia específica, da autoria de especialistas, apercebemo-nos de que as suas definições de cultura não divergem das dos dicionários. O sociólogo Guy Rocher, em Sociologia Geral (Lisboa, Ed. Presença, 1977), define cultura como sendo «um conjunto ligado de maneiras de pensar, de sentir e de agir mais ou menos formalizadas que, sendo apreendidas e partilhadas por uma pluralidade de pessoas, servem, de uma maneira simultaneamente objectiva e simbólica, para organizar essas pessoas numa colectividade particular e distinta. (pp. 198-199). Acrescenta, ainda, que «os modelos, os valores e símbolos que compõem a cultura incluem os conhecimentos, as ideias, o pensamento, abrangem todas as formas de expressão dos sentimentos, assim como as regras que regem acções observáveis do modo objectivo», o que leva a que sejam «muito formalizadas num código de lei, nas fórmulas rituais, cerimónias, protocolo […], em certos sectores das regras da boa educação, nomeadamente aquelas que regulam as relações interpessoais implicando pessoas que se conhecem e se dão há muito tempo» (idem, p. 200). Portanto, os traços culturais caracterizam-se como uma herança social.