Os vocábulos mata e sujo não pertencem à mesma classe de palavras — mata é um nome/substantivo e, por sua vez, sujo é um adjectivo, «um modificador do substantivo» (Cunha e Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, 17.ª ed., Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 247), podendo ocorrer também em casos de substantivação do adjectivo —, o que implica que a formação da sua flexão em grau seja distinta.
De facto, apesar de tanto os nomes como os adjectivos poderem ser flexionados em grau, a realidade de cada um é diferente. Porque, para o substantivo, «a Nomenclatura Gramatical Brasileira e a Nomenclatura Gramatical Portuguesa […] admitem a existência de três graus — o normal, o aumentativo e o diminutivo» (idem, p. 200), enquanto, relativamente ao adjectivo, consideram que «são dois os graus do adjectivo: o comparativo (de superioridade, de igualdade e de inferioridade) e o superlativo (absoluto e relativo). Portanto, a formação de cada um dos graus de um substantivo é, naturalmente, diferente da dos graus de um adjectivo.
Relativamente ao nome/substantivo mata, a formação do aumentativo e do diminutivo pode realizar-se de duas formas:
— analiticamente, «juntando-lhe um adjectivo que indique aumento [grande, enorme] ou diminuição [pequeno, minúsculo], ou aspectos relacionados com essas noções» (idem, 199):
aumentativo — «mata grande», «mata enorme»;
diminutivo — «mata pequena», «mata minúscula»
— sinteticamente, «mediante o emprego de sufixos especiais: aumentativos [-ão, -aço, -aça, -uça, -ázio, - -anzil, -aréu, -arra, -orra, -astro, -az] e diminutivos [-inho(a), -zinh(o), - -ino(a), -im, -acho(a), -icho(a), -ucho(a), -ebre), -eco(a), -ico(a), -ela]»(idem, pp. 90-92), do que podem resultar formas como:
diminutivo — matazinha, matinha, matita
As formas matagal e mateira, atestadas pelos dicionários, significando «bosque extenso e cerrado; extensão coberta de mato», correspondem a aumentativos de mata, razão pela qual não utilizámos os sufixos supracitados para construirmos outras formas.
Por sua vez, e tendo em conta a inexistência dos graus aumentativo e diminutivo nos adjectivos, utilizaremos o superlativo relativamente ao adjectivo sujo:
Sujíssimo (superlativo absoluto sintético)
«Muito sujo», «excessivamente sujo», «extraordinariamente sujo», «excepcionalmente sujo» (superlativo absoluto analítico)
De qualquer modo, se tivermos em conta o uso da língua, damo-nos conta de que se ouve com frequência outras formas com valores aumentativo e diminutivo, construídas com sufixos aumentativos e diminutivos, como é o caso de sujinho, sujito e, até, sujão, formas estas do domínio da oralidade, que transparecem afectividade:
«Ele está todo sujinho», «Ele é um sujão, não tem cuidado nenhum com a roupa».