O consulente tem razão quando alega que nem todas as palavras que utilizamos (sejam aportuguesamentos de termos estrangeiros ou neologismos) constam dos dicionários, pois estes, por razões óbvias, estão sempre um pouco atrasados em relação ao uso dos falantes.
Acontece, porém, que a palavra inglesa gospel já foi aportuguesada e consta, na base de dados morfológica do ILTEC (de Portugal) com o singular gospel (sem acento gráfico) e o plural gospéis (com acento agudo no e).
Esta foi a única base de dados que encontrei com referência à flexão do adjectivo em número.
Ora, sendo assim, parece que o único "erro" do consulente foi ter colocado o acento agudo sobre o o de "góspeis". Contudo, parece-me lógico pronunciar a palavra com a tónica na primeira sílaba, em conformidade com a pronúncia do adjectivo inglês gospel. É mais natural, tanto para um português como para um brasileiro, no meu entender, dizer "góspeis" do que "gospéis". Isto pressuporia, então, o singular "góspel", que, embora não esteja atestado, é mais fiel à posição do acento em inglês e está de acordo com as nossas regras de acentuação gráfica, que obrigam a colocar acento agudo ou circunflexo nas palavras graves terminadas em -l (como móvel, móbil e cônsul).