Compreendo a indignação do consulente, mas seja-me permitido juntar mais alguma informação sobre este anglicismo.
O seu êxito não se assinala só em português, porque também em espanhol encontramos uma forma castelhanizada, filin, embora reservada apenas a nomear um «estilo musical romântico surgido na década de 1940» (dicionário da Real Academia Espanhola).
De qualquer modo, em português, o anglicismo em apreço anda já dicionarizado; por exemplo, no dicionário da Academia das Ciências de Lisboa (aparece como sinónimo de percepção) e no Dicionário Houaiss, que o regista em três acepções:
1. «modo ou capacidade de sentir uma situação; percepção, sensibilidade, sentimento»
2. «modo ou capacidade de expressar musicalmente sentimentos, emoções etc., como se faz esp. no jazz, no blues (termo musicológico)»
3. «sentimento intuitivo; pressentimento, presságio, suspeita»
Como se vê, há muitos termos vernáculos em alternativa a feeling. Mas a vida social está sujeita a tendências e preferências colectivas de que a moda parece ser uma das faces. As palavras também estão sujeitas a estes fenómenos, mais a mais quando se trata de adoptar palavras de uma língua que está a conseguir na cultura de massas o que tem conseguido no mundo da economia e das ciências.