Os termos psicopata e psicopatia foram formados a partir de radicais gregos psic(o)- + -pata e psic(o)- + -patia, respetivamente. Segundo o Dicionário Houaiss, os registos dos primeiros usos datam do final do século XIX. No entanto, por meio da história da Psicologia, percebemos que o termo foi generalizado na Alemanha pelo psiquiatra Julius Ludwig August Koch, que terá usado o termo psicopático na sua obra As inferioridades psicopáticas, de 1891. Não terá sido o primeiro a usar a palavra, mas a sua generalização a ele se deve. Inicialmente, na literatura médica, a palavra era usada para referir os doentes mentais de forma genérica e vaga, não existindo ainda uma ligação entre a psicopatia e a personalidade antissocial.
Os estudos apontam uma clara evolução do significado da palavra psicopata a partir dos estudos do psiquiatra norte-americano Hervey Milton Cleckley. É sobretudo com a sua obra, The Mask of Sanity, publicada em 1941, que a palavra começa a ganhar a dimensão mais precisa que detém hoje, uma vez que o autor nesta publicação apresenta a primeira descrição clínica da psicopatia, dando ao termo (e seus relacionados) uma significado mais próximo daquele que ele hoje detém. Como sintetiza Rogério Paes Henriques, «Para Cleckley, o transtorno fundamental da psicopatia seria a "demência semântica", isto é, um déficit na compreensão dos sentimentos humanos em profundidade, embora no nível comportamental o indivíduo aparentasse compreendê-los.»1
Acrescenta o mesmo autor que, atualmente e sobretudo em contexto técnico, «"psicopatia" (ou "sociopatia") é sinônimo de "personalidade antissocial", que denota uma disposição permanente do caráter no sentido da agressividade, da crueldade e da malignidade, determinando inexoravelmente o mal de outrem – trata-se do que outrora se designava por "perversidade", caracterizando a perversão social.»1
Disponha sempre!
1. Henriques, De H. Cleckley ao DSM-IV-TR: a evolução do conceito de psicopatia rumo à medicalização da delinquência. Rev. latinoam. psicopatol. fundam. 12 (2), Jun 2009. https://doi.org/10.1590/S1415-47142009000200004