O incómodo de Portugal com o novo acordo justifica-se por vários motivos:
1 — De facto há mudanças significativas na grafia do português europeu (refere-se cerca de 1,6% de alterações). A verdade é que se toma o conjunto do corpus lexical e não a frequência num discurso corrente, no qual o número de palavras alteradas fica sem grande significado em relação ao das mais frequentemente usadas no português fundamental.
2 — Há o receio, com fundamento, de que as duplas grafias introduzam uma grande arbitrariedade na escrita. Não se considera, porém, que estas serão só as indispensáveis, oficializadas em princípio num vocabulário de referência (ex.: o VOLP brasileiro a ser publicado já em Novembro). Além disso, haverá grafias recomendadas para as comunidades linguísticas respectivas (embora as variantes deixem de ser erros ortográficos, como eram até aqui).
3 — Em Portugal perde-se alguma etimologia na queda das consoantes mudas, o que entristece as pessoas que estimam a história das palavras. O sentimento é legítimo, mas esquece-se que muitas consoantes já caíram ou mudaram na evolução da língua com o tempo, sem que isso tenha trazido grande mal.
4 — Há o receio das pessoas de que depois não saibam escrever e de que haja grandes prejuízos económicos nas actualizações das obras. Em primeiro lugar, repare-se que as alterações são fáceis de fixar; e, depois, lembre-se que, em todas as alterações na língua, foi `sempre´ necessário imprimir novas obras. Este último argumento contra a mudança, se estivesse `sempre´ presente, implicaria que nunca se poderia alterar a ortografia…
Diferenças neste texto para o novo acordo
Termos para Portugal: respetivas, atualizações.
Para o Brasil: frequência, frequentemente, linguísticas.
NOTA: as duplas grafias não implicam alterações obrigatórias na escrita.