Apesar de noz, foz e veloz, o -z final nem sempre indica que o "o" precedente é aberto, porque o exemplo mais acessível é o de arroz, pronunciado com ó fechado ("arrôs", e não "arrós", com "o" aberto). Sendo assim, não se contraria nenhuma regra quando se verifica que a pronúncia recomendada do nome da cidade em apreço é com "o" fechado: "Estremoz" = "estremôs". É esta também a pronúncia indicada num apontamento em vídeo produzido na região do Alentejo. O Vocabulário da Língua Portuguesa, que Rebelo Gonçalves publicou em 1966, também indica que esse ó final é fechado, e não aberto.
Se numa região se prefere pronunciar Estremoz com ó aberto, pode dizer-se que se trata de variante regional, que não tem de ter uma origem remota, porque até a escolaridade e alfabetização também são suscetíveis de ter produções regionais que a norma-padrão não acolhe, tal como como acontece noutros casos. Exemplo: Tejo, que tem e aberto entre falantes do Centro e do Sul de Portugal – "téjo" –, mas que alguns falantes do Norte pronunciam frequentemente como "teijo". Há situações inversas: o rio que se chama Sabor, tem este nome pronunciado com "a" átono aberto ("sàbor"), mas é eventualmente pronunciado como homófono de sabor entre falantes do Centro e do Sul que não estão expostos à prolação tradicional e inferem a pronúncia dos princípios gerais da correspondência entre ortografia e fonia, os quais, no entanto, não se aplicam à leitura deste nome.
Ainda sobre a suposição de que o-z final abre necessariamente a vogal precedente, diga-se que o sufixo -ez -, em casos como os de acidez, embriaguez, estupidez, gravidez, malvadez, rigidez ou timidez – tem efetivamente e fechado; aliás, palavras em que -ez não é sufixo também têm esse e fechado: xadrez, talvez. Contudo, há contraexemplos (poucos): dez com e aberto; e existe fez, singular pouco usado de fezes.
Em suma, a ortografia do português – fale-se da vigente, ou da anterior – nem sempre representa com coerência a pronúncia tradicional das vogais das palavras, em especial, dos nomes próprios. Há formas fixadas em dicionário e pela toponímia oficial, bem como princípios gerais que não podem ser ignorados e devem ser seguidos. No entanto, convém ter sempre em atenção quer o uso oficial quer o uso regional.