Há alguns dados que ajudam a responder a essa questão e que têm que ver com a própria classificação na subclasse dos verbos (e do respetivo esquema relacional) do verbo considerar, prevista na Gramática da Língua Portuguesa (Lisboa, Caminho, 2003), de Mira Mateus et al. Ora, considerar é indicado como um dos verbos transitivos-predicativos por Inês Duarte (no cap. X, p. 297) — «Entre os verbos que entram na construção transitiva-predicativa (objeto/complemento direto + predicativo do objeto direto), encontram-se verbos transitivos que podem selecionar como argumentos internos frases (Ex.: achar, considerar) e verbos que não o podem fazer (Ex.: classificar, nomear, e o resultativo tornar)» — esclarecendo que «os verbos transitivos-predicativos determinam o esquema relacional:
SU (sujeito) V (verbo) OD (objeto direto) PRED (predicativo do objeto direto).
Repare-se que a frase apresentada fica incompleta sem o adjetivo interessante a predicar o complemento direto «o livro».
«Considero o livro ??….»
A diferença entre o predicativo do complemento direto e o atributo reside, precisamente, no facto de o primeiro ser indispensável à frase (porque é um complemento do verbo) e o segundo não.
Por exemplo, na frase «Eu li um conto interessante», o adjetivo interessante não é essencial, porque o enunciado não fica incompleto sem ele. Ex.: «Eu li um conto.» Neste caso, interessante é um atributo.
Para que não haja dúvidas, importa transcrever os exemplos apresentados na obra citada:
«O Pedro achou [ou considerou] esse livro desinteressante.»
suj. verbo ob. dir. pred. ob. dir.
«A falta de preparação tornou a reunião improdutiva.»
«O ministro nomeou um dos assessores secretário de Estado.»
«O IPPAR classificou esse mosteiro monumento nacional.»