A classe das implicitações/implicaturas integra duas subclasses: as implicaturas convencionais e as implicaturas não convencionais. As implicaturas convencionais são as inferíveis através de palavras ou de sequências de palavras. (O termo convencional refere, especificamente, aquilo que tem realização linguística.)
Ex.: «Surpreende-me que o Zé Tinoco seja astronauta.»
Implicatura convencional: «O Zé Tinoco é astronauta.»
Do lado das implicaturas não convencionais consideram-se duas grandes categorias: as implicaturas conversacionais e as implicaturas não conversacionais.
As implicaturas conversacionais activam o princípio da cooperação e as máximas conversacionais de Grice. (Ver Grice, H. P. 1975 — "Logic and Conversation", in P. Cole; J. L. Morgan (eds.) — Syntax and Semantics 3: Speech Acts, New York, Academic Press: 41-58.)
O princípio da cooperação estipula que o interlocutor é cooperativo na troca verbal no sentido em que a sua contribuição na conversação deve corresponder àquilo que dele se exige em função da direcção que a conversação tomar e em função da finalidade comunicativa tacitamente assumida entre o dois interlocutores.
No decurso da interacção, o locutor observa as seguintes máximas conversacionais:
— máxima da qualidade (requer do locutor que nunca afirme aquilo que crê que é falso e para o qual lhe faltam provas);
— máxima da relação (requer do locutor que a sua participação seja pertinente);
— máxima da maneira/modo (requer do locutor que participe na conversação com uma elocução ordenada, evitando ser ambíguo, prolixo ou obscuro).
Ex.: «Tenho seis filhos.»
Implicatura conversacional: «O Zé Tinoco tem apenas seis filhos» (apesar de, tendo nove filhos, o Zé Tinoco poder dizer que tem seis, dado que nove inclui seis). O interlocutor do Zé Tinoco retira esta implicatura («tem apenas seis filhos») porque parte do princípio de que o Zé respeita a máxima da quantidade.
As implicaturas não conversacionais resultam da combinação do sentido das palavras com o conhecimento do contexto situacional e têm fundamento estético, social ou moral. Grice dá como exemplo de máxima não conversacional a máxima de cortesia. (ver «Textos relacionados»)