No que diz respeito à função sintática objeto direto (OD), Celso Cunha e Lindley Cintra, na Nova Gramática do Português Contemporâneo, p. 144, na secção dedicada à análise dos vários subtipos de objeto direto, notam a existência do chamado «objeto direto pleonástico»: «Quando se quer chamar a atenção para o objeto direto que precede o verbo, costuma-se repeti-lo. É o que se chama objeto direto pleonástico, em cuja constituição entra sempre um pronome pessoal átono: Palavras cria-as o tempo e o tempo as mata.[...] Árvore, filho e livro, queria-os perfeitos.» [...] O objeto direto pleonástico pode também ser constituído de um pronome átono e de uma forma pronominal tónica preposicionada: A mim, ninguém me espera em casa. [...] Não te mirou a ti, a ti também sem cor! [...] Encontrou-nos a nós.»
Assim, tendo em conta estas reflexões, e reportando-nos diretamente aos exemplos sugeridos pela prezada consulente, direi que as perguntas corretas deverão ser «Podes-me ajudar a mim? – Eu posso-te ajudar a ti»; «Podes-nos levar a nós a casa? – Eu levo-vos a vós/vocês a casa.»
Relativamente à deteção do objeto indireto (OI), julgo que o raciocínio deverá ser muito semelhante, sendo que, nos enunciados apresentados pela consulente, facilmente identificamos a existência dos dois tipos de objeto (isto é, direto e indireto): «Apetece-te [OI] alguma coisa [OD] a ti [OI]? – A mim [OI], apetece-me [OI] um gelado [OD]»; «O que é que nos [OI] perguntaste a nós [OI]? – A vós, perguntei-vos [OI] se estais em casa [OD].»