DÚVIDAS

Funções da linguagem

Queria saber se possível em pequeno resumo funções de linguagem:

a) Referencial ou denotativa
b) Emotiva ou expressiva
C) Fática
d) Conativa ou apelativa
e) Mentalingüística
f) Poética

Grata.

Resposta

Segundo as funções propostas por Roman Jakobson («Linguistique et poétique», in "Essais de linguistique générale", Paris, 1963), as seis funções da linguagem são:

Emotiva: que dá vazão a conteúdos de natureza emotiva. Está centrada no sujeito emissor e caracteriza-se por ser uma expressão directa da atitude do emissor em relação àquilo de que fala. Em textos escritos, caracteriza-se por interjeições, exclamações ou adjectivos carregados de subjectividade e diminutivos.
Exemplo:
«Orra, meu, isso não é bonito!»

Função apelativa: Função orientada para o destinatário e procura levar o receptor a reagir. A linguagem publicitária utiliza esta função. Como exemplo, dou um reclame que existia há muitos anos nos bondes em São Paulo (em Portugal: eléctricos):
Veja senhor passageiro
o belo tipo faceiro
que o senhor tem a seu lado.
No entanto, acredite:
quase morreu de bronquite,
salvou-o Rum Creozotado.

Função referencial, denotativa ou informativa: centrada no contexto, ocorre sempre que o emissor procura veicular de maneira objectiva conteúdos de natureza cognitiva. Presente nos textos de carácter científico ou jornalístico. Exemplo: este parágrafo.

Função fática: ocorre quando se procura estabelecer, manter ou interromper uma comunicação. Através dela o falante verifica se a comunicação é operacional ou se o interlocutor está interessado no que se diz. Exemplos: Alô (no telefone); Ouviu?

Função metalinguística: Centrada no código, ocorre quando o falante procura verificar se emissor e receptor estão utilizando o mesmo código. Ao longo de um texto, expressões como «isto é», «ou seja», «quer dizer» são exemplos desta função.

Função poética: centrada na própria mensagem, ocorre principalmente na linguagem poética – nas outras formas de actividade verbal o seu papel é secundário. Presente em textos em que se recorre às rimas, ao ritmo, a certos recursos estilísticos como metáforas, por exemplo.

Eis uma amostra:

Se eu não vejo

a mulher

que eu mais desejo

nada que eu veja

vale o que

eu não vejo

(de Bernart de Ventadora – 1174, traduzido por Augusto de Campos).

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