DÚVIDAS

Função sintáctica de «apesar da chuva»

Gostaria que me esclarecessem sobre a função sintáctica de expressão «apesar da chuva», com base na antiga e nova terminologia, na seguinte frase: «A Irene continuou o passeio, apesar da chuva.»
Com cordialidade, agradeço antecipadamente a vossa ajuda.

Resposta

Na Nomenclatura Gramatical de 1967 não se falava de complementos circunstanciais concessivos, contrariamente, por exemplo, ao que acontecia com os causais ou com os finais, que estavam previstos a par da subordinada respectiva, dependendo a sua inclusão nos complementos ou na subordinação não do uso da conjunção, mas da existência ou não de um verbo. Nesta situação específica, as gramáticas têm cumprido a nomenclatura, ignorando a existência de complementos circunstanciais de valor concessivo. No entanto, e seguindo o raciocínio que justifica a existência de complementos circunstanciais de tempo, de causa, ou de fim, defendo que expressões como «apesar da chuva» sejam, à luz da gramática tradicional, consideradas complementos circunstanciais concessivos, ou de concessão.

À luz da Nova Terminologia, os complementos circunstanciais típicos, ou seja, aqueles que não são necessários para completar a estrutura argumental dos verbos, assumem a designação de modificadores, a que acresce o nome da classe de palavras que os introduz. No caso de «apesar da chuva», dizem-nos a gramática e o dicionário que «apesar de» é uma locução prepositiva. Assim sendo, «apesar da chuva» é um modificador preposicional.

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa