1. Um esclarecimento prévio: acontecimento não é uma palavra "transformada", isto é, não é uma transmutação de acontecer. Acontecer é uma palavra, acontecimento é outra, sendo que acontecimento tem acontec(er) como forma de base para a sua formação.
2. Acontecimento: trata-se de um processo de derivação sufixal: -mento junta-se ao tema verbal de particípio passado do verbo acontecer:
tal como
adormeci(do) -> adormecimento
3. Esgaravatar é uma palavra formada pela adjunção do prefixo es- e da sequência -ar. A sequência -ar não é um sufixo, mas sim a combinação da vogal temática -a- seguida do sufixo de flexão -r.
Assim:
(1) (2) (3) (4)
tal como:
(1) (2) (3) (4)
a — lis — a — r
(1) (2) (3) (4)
(1): prefixo
(2): forma de base
(3): voga temática
(4): sufixo flexional
Note-se que é um fenómeno diferente daquele que acontece em:
en — fraqu — ec — e — r
es — brac — ej — a — r
Nestes casos, há a adjunção simultânea de prefixo (en-; es-) e sufixo (-ec-; -ej-) à forma de base.
Enfraquecer e esbracejar são classificados como derivação parassintética.
Esgaravatar (engordar e alisar) são classificados por Alina Villalva como fenómenos de derivação parassintética (in Mira Mateus et al. — Gramática da Língua Portuguesa, 2003, Caminho, p. 953). Todavia, estes casos também são classificados como fenómenos de derivação por prefixação, em Rio-Torto (org.) — Verbos e Nomes em Português, 2004, Almedina, p. 29). O Dicionário Terminológico (ex-TLEBS), disponível do sítio da DGIDC desde Janeiro de 2008, apresenta engordar e apadrinhar como casos de parassíntese.
Assim, segundo o Dicionário Terminológico (que é o ponto de referência em contexto escolar), esgaravatar é um caso de derivação parassintética.