«Ficar a ver navios» – ou «estar a ver navios», como também se usa – significa «algo que não vem», «não conseguir o que se deseja», «sofrer uma deceção» , «não obter o que desjava», «ser ludibriado», «enganado».
Quanto à origem da expressão, Orlando Neves, no seu Dicionário de Expressões Correntes (Editorial Notícias, 2.ª edição, 2008), regista o seguinte:
«Esta expressão tem dado origem a várias interpretações. No seu Glossário Crítico de Dificuldades do Idioma Português, Vasco Botelho de Amaral resumiu as mais razoáveis: 'Antenor Nascentes explica a origem da expressão ficar a ver navios, como alusão aos armadores portugueses que nos séculos das conquistas ficavam no alto de Santa Catarina, em Lisboa, esperando as caravelas que vinham das Índias, da África ou do Brasil. Indica ainda a hipótese de certo milionário portuense que, da Torre da Marca, viu afundarem-se todos os navios da sua frota, por mor de violento temporal. Esta segunda hipótese é menos provável do que a primeira, mas caso é que há ainda outra, não referida por Nascentes: a do sebastianismo. Quando os Franceses dominaram Portugal, diz-se que os homens a que poderei chamar da resistência iam para o alto de Santa Catarina, em Lisboa, a ver os navios que trouxessem o Desejado. E da vanidade da espera haverá nascido a expressão ficar a ver navios.»
N.E. – Vários outros registos referem-se à expressão «ficar (ou estar) a ver navios. Por exemplo aqui, aqui, aqui, aqui, aqui ou aqui. Todas elas coincidentes com a explicação registada no livro Nas Bocas do Mundo, Uma Viagem pelas Histórias das Expressões Portuguesas, de Sérgio Luís de Carvalho (Editora Planeta, 2010, página 140):
«"Estar a ver navios" (...) remete para o facto de alguém estar a ver as suas expectativas frustrarem-se. Dizia-se que, após a morte de D. Sebastião, na batalha de Alcácer-Quibir (1578), muitos foram os que se recusaram a aceitar este triste fim. Tornou-se então comum os "sebastianistas" deslocarem-se ao Alto de Santa Catarina para ver chegar o navio com o regressado rei a entrar na barra de Lisboa. Daí que, na sua génese, a expressão completa fosse: "Estar a ver navios no Alto de Santa Catarina. Mas não nos parece impossível que haja outra origem para esta expressão. Não raro, os proprietários dos navios que se dedicavam ao comércio postavam-se no Alto de Santa Catarina para ver chegar os seus barcos. Há ainda outras explicações. Uma remete para a expulsão dos judeus de Portugal, em 1497. Segundo o édito de D. Manuel, os judeus que se não convertessem ao cristianismo teriam de abandonar o país. Contudo, devido ao facto de não haver navios para todos, cerca de vinte mil foram baptizados "à força" defronte do palácio dos Estaus, em Lisboa, onde mais tarde seria a sede da Inquisição, e onde hoje se ergue o Teatro Nacional D. Maria II. Segundo a voz do povo, aqueles infelizes ficaram "a ver navios". Por fim, poderá esta expressão ter a sua origem aquando da primeira invasão francesa, em 1807. Quando as tropas de Junot entraram em Lisboa, a 30 de Novembro, não conseguiram capturar a família real, que horas antes embarcara para o Brasil. Os franceses teriam ficado apenas a "ver navios" saírem da barra do Tejo.»«Ficar a ver navios» – ou «estar a ver navios», como também se usa – significa «algo que não vem», «não conseguir o que se deseja» conforme a abonação do Dicionário de Expressões Correntes de Orlando Neves, significa «não conseguir o que se deseja». Ou «algo que não vem» Quanto à origem, acrescenta o seguinte:
«Esta expressão tem dado origem a várias interpretações. No seu Glossário Crítico de Dificuldades do Idioma Português, Vasco Botelho de Amaral resumiu as mais razoáveis: 'Antenor Nascentes explica a origem da expressão ficar a ver navios, como alusão aos armadores portugueses que nos séculos das conquistas ficavam no alto de Santa Catarina, em Lisboa, esperando as caravelas que vinham das Índias, da África ou do Brasil. Indica ainda a hipótese de certo milionário portuense que, da Torre da Marca, viu afundarem-se todos os navios da sua frota, por mor de violento temporal. Esta segunda hipótese é menos provável do que a primeira, mas caso é que há ainda outra, não referida por Nascentes: a do sebastianismo. Quando os Franceses dominaram Portugal, diz-se que os homens a que poderei chamar da resistência iam para o alto de Santa Catarina, em Lisboa, a ver os navios que trouxessem o Desejado. E da vanidade da espera haverá nascido a expressão ficar a ver navios.»