Os três termos — fármacos, drogas ou moléculas — utilizam-se em medicina e/ou farmacologia, muitas vezes como sinónimos e outras com significados bem diferentes.
De acordo com o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa:
Fármaco – «qualquer produto ou preparado farmacêutico. ETIM gr. phármakon ou medicamento [...]». Actualmente é bastante utilizado como sinónimo de produto farmacêutico ou medicamento.1
Droga – «ETM fr. Drogue (c. 1462) [...] "ingrediente de tintura ou substância química e farmacêutica, (1568) remédio, produto farmacêutico", de origem controversa [...]; SIN/VAR alucinogénio, medicamento, mezinha, remédio, tóxico.» Observação: Numa abordagem mais imediata referimo-nos a drogas quando pretendemos falar de produtos alucinogénios ou que provocam alterações de comportamento, ou, ainda, que são utilizados com o objectivo de provocar essas mesmas alterações de comportamento. Esse preconceito está sempre presente na respectiva utilização. No entanto, também utilizamos a palavra droga quando nos referimos genericamente a um grupo de fármacos, por exemplo: «Dentro do grupo de drogas antihipertensoras...» ou «no conjunto de drogas utilizadas para reduzir o colesterol...» ou ainda «a droga de eleição no tratamento da doença x é...». Aqui, a palavra tem a função de «produto farmacêutico» ou «produto químico»2, mas trata-se de um uso raro, mesmo entre os profissionais de saúde.
Molécula – a menor parte constituinte de uma substância que mantém a sua estrutura e propriedades. Na realidade, todos os produtos que posteriormente são classificados de medicamentos iniciam o seu percurso existencial por ensaios com novas moléculas. No entanto, para que o interlocutor entenda que estamos a falar de medicamentos quando aplicamos a palavra molécula (por exemplo: «foi recentemente comercializada uma nova molécula da família das Quinolonas…»), tem de ser muito bem contextualizada, pois, caso contrário, não é compreensível. Usa-se frequentemente na divulgação médica por parte da indústria farmacêutica, ou em caso de formação pós-graduada.
1 A palavra fármaco parece ter uso recente como unidade autónoma. O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia das Ciências de Lisboa (Lisboa, Imprensa Nacional, 1940), não regista o vocábulo fármaco, mas, sim, as formas farmacoco, farmocologia (s. f.), farmacopeia (s. f.). Por sua vez, o Vocabulário da Língua Portuguesa, de Rebelo Gonçalves (Coimbra, Coimbra Editoral, 1966), já acolhe as formas farmaco- e –fármaco como «elemento de nomes compostos», assinalando farmacologia (substantivo feminino), farmacológico (adjectivo) e farmacopeia (substantivo feminino). Por sua vez, os recentes Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Porto Editora (coord. João Malaca Casteleiro, 2009), e o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras (2009), já atestam o vocábulo fármaco como «nome masculino» e «substantivo masculino», respectivamente.
2 Dê-se também o exemplo do termo drogas endógenas, utilizado para incluir tipos de peptidas opióides endógenas, além das encefalinas, as endorfinas e as dinorfinas – estruturas químicas descobertas no início do século XX que «imitavam fisiologicamente a actividade de um medicamento conhecido», quando habitualmente era o contrário. A procaína foi produzida na tentativa de copiar a cocaína.