Há uma maneira muito prática de prever o emprego de de. Se a expressão «é fácil» tem sujeito, isto é, se é precedida de uma expressão nominal (p. ex., «este livro»), então usa-se a preposição de:
(1) Este livro é fácil de ler.
Se a expressão «é fácil» não é antecedida de sujeito, isto é, se uma frase começa simplesmente por «é fácil» seguido de infinitivo, suprime-se a preposição:
(2) É fácil ler este livro.
Há, é claro, uma outra explicação, mais técnica. A opção de escolher entre a presença ou não da preposição de na construção «é fácil» depende da posição que a expressão modificada pelo adjectivo fácil ocupa na frase. Quando a expressão que desempenha o papel de complemento directo da construção infinitiva passa a desempenhar o papel de sujeito sintáctico da construção «é fácil» (devido a elevação do complemento directo), o verbo infinitivo que ocorre normalmente neste tipo de construções é antecedido pela preposição:
(3) [Este livro]i é fácil de ler [-]i.
No exemplo, o constituinte «este livro» desempenha o papel sintáctico de complemento directo da forma infinitiva «ler», mas desloca-se para ocupar a posição de sujeito da expressão finita «é fácil».
Nas seguintes frases não é necessária a presença da preposição de:
(4) É fácil fazer puré de maçã.
(5) Fazer puré de maçã é fácil.
Quer em (4) quer em (5), não se emprega de: «fazer puré de maçã» é sujeito de «é fácil», mas é também uma oração e, por isso, dispensa a preposição, mesmo que surja em posição pré-verbal, como acontece em (5).
Voltando, às frases (1) e (2), embora a construção seja diferente, o sentido das frases é praticamente o mesmo quer o constituinte «este livro» ocorra em posição de sujeito quer ocorra em posição de complemento directo da frase infinitiva: «Este livro é fácil de ler» ou «É fácil ler este livro».