Como o que caracteriza a rima é a coincidência ou correspondência de sons entre os versos de um poema, ao fazer-se o esquema rimático de um texto poético, assinalam-se com a mesma letra do alfabeto os versos em que se verifique identidade ou semelhança de sons, o que implica que se altere a letra sempre que não haja correspondência dos mesmos sons. Só assim se torna útil o recurso a esta «técnica» do esquema rimático, pois torna visível a rima de um poema através da identificação por letras dos vários sons coincidentes, permitindo a sua classificação dentro dos vários tipos de rimas (emparelhadas – aa-bb-cc, alternadas ou cruzadas - ababab, interpoladas ou opostas – abba, e encadeadas – aba-bcb-cdc).
Geralmente, «as combinações rímicas processam-se dentro de unidades menores do poema – as ESTROFES» (Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, 17.ª ed., Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 696) –, o que nos leva a concluir que a análise da disposição da rima seja feita em cada estrofe. De qualquer modo, para que se possa caracterizar a rima de um poema, é necessário que se faça o esquema rimático de todo o texto, mesmo que se verifique que grande parte dos versos sejam soltos ou brancos (sem rima) ou que se repita a disposição das rimas nas várias estrofes. Todos estes aspectos da estrutura formal de um texto são intencionais e a sua musicalidade contribui para a interpretação da mensagem do texto.
Importa, também, não esquecer que, apesar de se pressupor de que a rima de um poema implique a existência de versos que rimem entre si, isso não exclui a importância dos versos sem rima – os chamados soltos ou brancos –, que, tal como está convencionado, deverão ser indicados com uma letra do alfabeto.