Entre os dicionários que consultei, só a 10.ª edição revista do dicionário de Morais (Lisboa, Confluência/Livros Horizonte, 1980), regista punheta, que além de significar «exercício de auto-masturbação masculina», também tem a acepção de «acepipe de bacalhau cru desfiado, preparado com cebola, alho, pimenta, azeite e vinagre». O mesmo dicionário consigna a forma espinheta como variante de espineta, mas a esta palavra não atribui outro sentido que não seja o de «antigo instrumento de cordas e teclas, anterior ao cravo».
De qualquer modo, numa rápida consulta à Internet, verifiquei que tanto espinheta como punheta se reportam ao prato confeccionado com bacalhau cru. Numa página, da autoria de Nuno Rebocho, encontra-se uma explicação etimológica, que os dicionários que consultei não confirmam:
«Vamos à espinheta. Dessalgada a conserva do bacalhau, memória do tempo de “fiel amigo”, era só desfiá-lo para a gamela, tirar-lhe as espinhas. Cebola e alho picados, muito picados, coentro e salsa do mesmo modo. Azeitado o conjunto, um nada de vinagre, e era só amassá-lo à mão. Daí o de algum modo justificar-se o derivativo do nome que erradamente perdurou — a punheta.»
Em conclusão, espinheta e punheta são termos técnicos, do campo da culinária, mas o uso de punheta parece ser uma extensão metafórica de um termo que pertence originalmente ao nível calão (cf. Dicionário Houaiss, que classifica esta palavra como tabuísmo, isto é, palavra-tabu).