Mesmo invocando a concordância de sentido (considerando a palavra «angolanos» representando os dois géneros), a frase «*ela é uma dos angolanos» não tem coesão, é graficamente inaceitável.
Por outro lado, em «ela é um dos angolanos», a falta de concordância com o sujeito é chocante; e, além disso, no nosso tempo, em que as senhoras não aceitam, e com razão, que o seu género seja subestimado, eu também a recusaria. Escreveria qualquer coisa do género: «Ela é uma angolana, como todos os angolanos».
Isto acontece devido à ambivalência de género possível da palavra «angolano», que nem sempre acerta com a convenção forçada de o masculino representar a totalidade.
Ora, o pronome nós é inequivocamente de ambos os géneros. Assim, eu já aceitaria escrever: «ela é uma de nós.» Penso que se respeita a concordância natural e não se restringe o género. Escrevendo-se nós, consideram-se todos, angolanas e angolanos.
Em resumo, o apresentador não errou.