Eis recebe na gramática tradicional a classificação de advérbio de designação. Do ponto de vista semântico-referencial, é considerado um deíctico. Como tal, eis pode cumprir funções anafóricas quando aponta, não para um espaço circundante ao locutor e ao interlocutor, mas para um segmento anterior do discurso.
Exemplo:
«Ainda na secção dos colunistas, há as mulheres colunistas. Umas são especialistas em determinado campo, outras são especializadas em generalidades, como a Clara Pinto Correia, que escreve em todas as revistas ou, se não escreve, podia escrever. À excepção desta, aliás, quase nenhuma das outras escreve bem. São acolhidas, não por serem a melhor escolha, mas porque são mulheres. Eis um critério coerente. (...)» (Miguel Sousa Tavares, Público, 27 de Agosto de 1993)
Neste excerto, eis, na última frase, faz a retoma do conteúdo da frase anterior.
No excerto que o consulente apresenta, há um dado curioso a acrescentar. É que o segmento a retomar é uma descrição, e eis promove a ambig{#u|ü}idade entre a visualização física de S. Paulo e a criação mental de uma imagem da cidade através da leitura desse segmento descritivo. Ler e ver são uma e mesma coisa.