DÚVIDAS

Dois termos do falar bracarense: carrachuchas e forrinhos

Tenho notado que alguns vocábulos utilizados na zona de Braga não são conhecidos longe da região. São os casos, entre outros, de «carrachuchas» (com o significado de «cavalitas») e de «forrinhos» (com o significado de «sótão»). Gostaria de saber a origem destas palavras.
Obrigado.

Resposta

As formas vocabulares apresentadas poderão ser exclusivas da região bracarense, mas não estão longe, etimológica ou morfologicamente, de outras que surgem sobretudo na metade Norte de Portugal. Na verdade, carrachuchas encontra-se registado no Dicionário de Expresssões Populares Portuguesas (Lisboa, Publicações D. Quixote, 2000), de Guilherme Augusto Simões, com o sentido de «cavalitas» e identificado como termo típico do Minho. No Grande Dicionário da Língua Portuguesa de José Pedro Machado surge também carrachuchas, sem indicação da região donde provém, mas como sinó[ô]nimo de carrachola, «pequena carrada», mas igual a cavalitas em andar às cavalitas. De qualquer modo, em Trás-os-Montes, usam-se ou usavam-se expressões e vocábulos cujas formas parecem próximas destes e que têm o mesmo sentido, «às cavalitas»; são eles: «às carrachas» e, relacionados com o verbo escarranchar, carranchadas, carranchinchas e carrancholas

Em relação a forrinhos, não se encontra uma entrada específica nos dicionários consultados, mas é claramente um diminutivo de forro. Esta palavra significa, entre várias acepções, «tábuas com que se revestem os tectos das casas e os soalhos», mas também se aplica ao «espaço entre o telhado e o tecto das casas» (José Pedro Machado, Grande Dicionário da Língua Portuguesa). Deste modo, é natural que forro ou qualquer palavra dele derivada ou com ele morfologicamente relacionada pudesse adquirir a significação de «sótão».

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa