Repare que a primeira frase que apresenta pode ser escrita: «Vou passear, disse a Joana.»; na qual a vírgula marca a transição do discurso directo/direto para o indirecto/indireto. Tradicionalmente, porém, esta transição é feita com o travessão (que pessoalmente não uso para outros fins, para evitar confusões). Então o travessão substitui a vírgula, e a frase fica: «Vou passear – disse a Joana.»
Resumindo, quando o verbo declarativo é imediatamente introduzido para identificar o interlocutor, é costume a separação ser feita só com o travessão e o declarativo ser escrito com inicial minúscula.
Quanto à segunda frase, o critério é semelhante. Muitos autores, mesmo num só tipo de discurso, continuam com minúscula depois duma interrogação ou duma exclamação quando não há pausa no seguimento das ideias; e a sua frase, com separação, fica: «Posso ir passear? – perguntou a Joana.»
Note que as frases acima também se poderiam escrever: «A Joana disse: – Vou passear.»; «A Joana perguntou: – Posso ir passear?»; e, neste caso, já a mudança dos discursos obriga à maiúscula.
Claro que estas regras se aplicam a quem deseja seguir o processo clássico. Modernamente, muitos autores tentam libertar-se de regras rígidas (não usam travessão a separar discursos, evitam declarativos, não respeitam as regras da pontuação, etc.). Eu próprio também já ultimamente abandonei algumas (como, por exemplo, o sistema de mudar sempre de parágrafo quando muda o interlocutor); mas considero indispensável que, respeitando o leitor, no texto se entenda sempre bem quem fala e que se distinga convenientemente o discurso do narrador do das personagens (o que nem sempre se verifica nalgumas obras da nova vaga de escrever mais descontraída...).
Ao seu dispor,