No Brasil, nem todas as gramáticas dizem que o pronome «lhe» é sempre objecto indirecto. Tenho aqui a «Gramática do Português Contemporâneo» de Celso Cunha, edição de 1970. Diz na pág. 217:
«Os pronomes átonos que funcionam como objecto indirecto (me, te, lhe, nos, vos, lhes) podem ser usados com sentido possessivo, principalmente quando se aplicam a partes do corpo de uma pessoa ou a objectos de seu uso particular:
«Escutaste-lhe a voz? Viste-lhe o rosto?
Osculaste-lhe as plantas?
Tocaste-lhe os vestidos resplendentes?»
(Fagundes Varela)
E a «Nova Gramática da Língua Portuguesa» de Enéas Martins Barros, edição de 1985, diz na pág. 167: «O pronome lhe é, fundamentalmente, objecto indirecto, podendo também funcionar como adjunto adnominal de posse.»