Ambas as formulações são correctas, embora alguns professores prefiram o pronome reflexo junto do verbo principal: "Vou lavar-me", "deve fazer-se". A maioria dos especialistas defende, porém, que não pode haver aqui uma regra fixa, variando sempre a colocação do pronome conforme a eufonia e o ritmo da própria frase. Afinal de contas, segundo o estilo de quem escreve. Como pode ser verificado pela variada utilização de uma e outra fórmulas em consagrados escritores da língua portuguesa.
Vejamos, entretanto, um outro exemplo sugerido pela consulente Cristina Cruz: "Vou deitar-me" ou "vou-me deitar"?; "quero queixar-me" ou "quero-me queixar"?
A isto responde assim o dr. José Neves Henriques:
«O verbo reflexo é apenas deitar, e nunca vou. Mas ambas as frases estão correctas. Erra quem ensina que só é correcto "vou deitar-me", porque o pronome reflexo (ou reflexivo) me pertence a deitar e não a vou.
«De facto pertence, mas a forma verbal vou atrai a si o pronome. E se precedermos a frase dum advérbio, como por exemplo não, o pronome me ainda recua mais:
- Não me vou deitar
Soa um pouco melhor do que: - Não vou deitar-me.
«Há casos em que a diferença entre as duas frases é ainda maior.
«Ora comparemos: - Isto deve fazer-se assim.
- Isto deve-se fazer assim.
- Isto não deve fazer-se assim.
- Isto não se deve fazer assim.
«É preferível a frase 4) à frase 3) por duas razões:
a) Está mais ritmada.
b) Evita a proximidade das fricativas s - ss - z - desagradável de ouvir. O mesmo se dá com as frases 5) e 6).
«Se é correcta a posição do se na frase 4), não se dá o mesmo na frase 6). Ninguém a diz.»