«Dar explicações com base numa regra que nem sempre se aplica» obriga a explicar a razão das excepções, o que não é fácil com os conhecimentos que os alunos tenham. Repare que a regra é dispensável em palavras como didáctica, apopléctico, ecléctico, etc. Repare também que a regra não se aplica em didactismo, accionar, actividade, etc. Está a ver a confusão que pode existir no estabelecimento duma lei que, afinal, umas vezes é desnecessária, outras temos pura e simplesmente de ignorar?
A regra registada na norma de 1945 – seguida em Portugal até à entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1990 –, mais do que justificar a manutenção da consoante muda, teve o propósito claro de contrapor o critério da etimologia, já posto de parte nas consoantes não articuladas no Brasil (o que aliás tinha acontecido na altura com o acordo português…).
Concluo dizendo que a aprendizagem da língua não se faz só pela escrita, mas muito pela fala (é mesmo pela fala que ela começa normalmente); e lembrando que o docente é também um formador da ortoépia das palavras.
N.E. – Com a entrada em vigor do Acordo Ortográfico em Portugal em janeiro de 2012 – posterior, portanto, a esta resposta –, as consoantes mudas deixaram de se escrever. Por isso, qualquer das palavras citadas anterirmente passaram a grafar-se tal como no Brasil. No caso: correto, didático, apoplético, eclético, didatismo, acionar e atividade. Cf. Consoantes mudas afetadas com o novo AO