Não encontrámos registo de «cor de pele» na grande maioria dos dicionários de referência1, o que não se passa com «cor de carne», que está atestada no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2010) para designar «cor bege rosada», assim como no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Porto Editora (2010), no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, e no Vocabulário Ortográfico da Priberam.
No entanto, e apesar de não figurar nos restantes vocabulários ortográficos (Vocabulário Ortográfico do Português, da responsabilidade do ILTEC; Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Porto Editora, 2010; Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras), «cor de pele» está contemplada no Vocabulário Ortográfico da Priberam.
De qualquer modo, parece-nos que «cor de carne» e «cor de pele» não são sinónimos, pois não representam, exatamente, a mesma cor, o mesmo tom. Repare-se que «cor de carne» designa «cor bege rosada», ao passo que há muitos tons de pele (morena, clara, pálida, dourada...). Por isso, se se quiser verbalizar/designar a cor de um determinado tom de pele, não é, decerto, ilegítimo o uso de «cor de pele» (desde que haja referência, no discurso, a algo que torne evidente o tipo de cor de pele).
Nota: Nas locuções com cor, encontram-se registadas as seguintes: cor de laranja, cor-de-rosa2, cor de tijolo e cor de vinho. Note-se que a grafia de cor-de-rosa é uma das exceções assinaladas no novo acordo ortográfico (AO) no tratamento dos casos de emprego do hífen2.
1 Fontes: Grande Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora, 2010; Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 2010; Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa, 2001; Dicionário da Língua Portuguesa, de António Morais e Silva, 1987; Dicionário da Língua Portuguesa, de Cândido de Figueiredo.
2 Citando-se a parte do AO referente a estes casos: «Nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais, não se emprega em geral o hífen, salvo algumas exceções já consagradas pelo uso (como é o caso de água-de-colónia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa). Sirvam, pois, de exemplo de emprego sem hífen as seguintes locuções: Adjetivas: cor de açafrão, cor de café com leite, cor de vinho.»