Nas frases que apresenta à nossa consideração, o problema parece estar relacionado com a não realização da regência de um dos elementos da estrutura coordenada introduzida pela preposição com. Os elementos coordenados partida e chegada requerem preposições diferentes: «partida de» e «chegada a». No entanto, apenas se verifica a regência do último elemento. A este propósito, Evanildo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa: 568), ao analisar os complementos de termos com regências diferentes, que resultam em construções abreviadas, afirma que «o rigor gramatical exige que não se dê complemento comum a termos de regência de natureza diferente». O autor fundamenta o seu argumento apresentando o seguinte exemplo:
(1) * «Entrei e saí de casa.»
(2) «Entrei em casa e dela saí.»
Segundo Bechara, a agramaticalidade da frase 1 reside no facto de entrar pedir a preposição em, e sair, a preposição de. Bechara conclui que «a língua dá preferência às construções abreviadas que a gramática insiste em condenar, sem, contudo, obter grandes vitórias». Ainda que as frases 1 e 2 apresentem predicados verbais, presumimos que a mesma explicação possa ser aplicada às sequências que a consulente indica, pese embora nelas encontrarmos somente expressões nominais. Estamos, em nosso entender, perante um fenómeno que se regista com frequência do ponto de vista do uso, mas que não se coaduna com uma perspetiva normativa.
Posto isto, propomos uma solução alternativa, tal como: «Com partida do Porto e chegada à mesma cidade.»