A dificuldade que refere é de todos nós, sobretudo porque nem sempre se pode delimitar o valor concreto ou abstracto de uma dada palavra. Se se diz dos nomes concretos que têm existência física, tangível, e dos abstractos que designam acções, qualidades, estados, noções e processos, nem sempre uma dada palavra se situa claramente num dos conceitos.
Vejamos, por exemplo, a palavra área. Designa algo tangível, mensurável, quando se reporta à superfície, por exemplo, de uma figura geométrica. Mas se contrapomos a área de ciências à de letras, a palavra assume um valor muito mais abstracto.
Rumor e som (das buzinas) são entidades audíveis, pertencem ao mundo sensível. Poderemos inseri-las nos nomes concretos, mas haverá situações em que essas mesmas palavras são usadas de forma mais abstracta do que noutras.
Também número poderá ocorrer em contextos mais ou menos abstractos. Em «o número dois é par» há maior concretude do que em «um grande número de pessoas manifestou-se em Lisboa».
Manhã é uma noção que pode ocorrer igualmente em contextos mais ou menos abstractos.
Sobre este assunto importa ter em conta que, embora se possa definir um conjunto de aspectos que permitem distinguir nomes concretos de nomes abstractos, esses mesmos aspectos permitem-nos identificar graus relativos de concretude e de abstracção em muitos nomes. O contexto é, muitas vezes, determinante na classificação de um nome como concreto ou como abstracto.
Por esta razão, considero que foi uma boa medida retirar este aspecto da Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário (TLEBS). Com efeito, os conceitos de concreto e abstracto não constam do Dicionário Terminológico.
Aconselho-a a ler também as respostas: Sobre nome concreto e nome abstracto: ano; Nomes concretos e abstractos; Substantivos concretos e abstractos: faina e intrusão.
Bom trabalho!