Não vamos classificar os versos, mas sim as frases que os constituem. Vale, antes de mais, a pena recordar que se trata dos dois últimos versos do magnífico poema Mar Português, de Fernando Pessoa, Mensagem: «Deus ao mar o perigo e o abismo deu,/ mas nele é que espelhou o céu.» A sua divisão e classificação é a seguinte:
Frase coordenada – «Deus ao mar o perigo e o abismo deu»
Sujeito – «Deus»
Predicado – «deu o perigo e o abismo ao mar»
Complemento directo – «o perigo e o abismo»
Complemento indirecto – «ao mar»
Frase coordenada adversativa – «mas nele espelhou o céu»
Sujeito – (subentendido: «Deus»)
Predicado – «espelhou o céu»
Complemento directo – «o céu»
Modificador preposicional (na gramática tradicional complemento circunstancial de lugar) – «nele» (= em + ele)
Obs. A conjunção não desempenha funções sintácticas.
Partícula de realce (também designada por pseudoclivada) – «é que»
Obs. Dadas as características muito específicas da expressão é que, não vamos fazer a sua análise, atribuindo-lhe a classificação tradicional de partícula de realce.