Em Portugal, o programa de 11.º ano actualmente em vigor inclui justamente o discurso político entre os textos argumentativos e expositivo-argumentativos, os quais são integrados no estudo do Sermão de Santo António aos Peixes do Padre António Vieira. No âmbito da recente Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário – TLEBS (subdomínio de Pragmática e Linguística Textual), trata-se de um texto ou de sequências textuais que se inserem no protótipo argumentativo, cujas características essenciais são:
– a expressão de uma opinião que gera controvérsia, pelo que requer uma defesa e abre um espaço de contestação;
– a expressão de argumentos a favor de uma determinada tese e contra ela.
O Prontuário Actual da Língua Portuguesa (Porto, Edições Asa, 2005, págs. 324-326) enumera uma série de características linguísticas do protótipo textual argumentativo, as quais são, em síntese:
1. O uso de verbos de opinião (achar, pensar), de crença (crer), ‘dicendi’ («verbos de dizer»; dizer, concordar), verbos modais (dever, ser preciso) e psicológicos (gostar).
2. O recurso a tempos verbais do sistema do presente do indicativo (presente, pretérito perfeito e futuro), como tempos ancorados na situação de enunciação.
3. O emprego de conectores e organizadores textuais:
a) de carácter concessivo: embora, se bem que, apesar de ;
b) de carácter adversativo: mas, não obstante, sem embargo;
4. A presença de marcas linguísticas que expressam um ponto de vista:
– A unidade lexical decorrente da selecção vocabular (escolha de palavras) que reflecte uma dada conceptualização. Por exemplo, a globalização pode ser classificada como um processo, mas pode também ser perspectivada como uma ideologia; a escolha deste ou daquele termo tem repercussões na selecção do restante vocabulário num texto argumentativo.
– Os artifícios retóricos: metáforas, metonímias, personificação, hipérbole, ironia, gradação, perguntas retóricas.