Ambas as palavras terminam no mesmo elemento de composição -esclerose. Varia apenas o elemento que se antepõe, arterio- ou atero-.
O sufixo -esclerose é um conceito anátomo-patológico (é um termo descritivo para processos observáveis em avaliação microscópica dos tecidos) e aplica-se a processos degenerativos com predomínio de fibrose (substituição da estrutura normal dos tecidos por fibras), com consequ[ü]ente alteração das características físicas dos tecidos em causa, normalmente envolvendo rigidez e diminuição da elasticidade normal dos tecidos sãos. Utiliza-se, assim, o termo arterioesclerose para referir todos os processos que envolvem esclerose de artérias. É, pois, um termo muito geral que engloba vários processos (doenças), cujo resultado final é semelhante — fibrose de artérias. Várias doenças podem ter esta consequ[ü]ência final. Os sintomas dessas doenças variam com a(s) artéria(s) afectada(s), com o tipo de causa.
Aterosclerose (foneticamente será "áteróscleróse", em que todos os ee se dizem como na palavra se, todos os oo se dizem como na palavra só, e o a se diz como na palavra pá) é uma das doenças que causam esclerose das artérias, passando primeiro pela formação daquilo a que se chama «placa de ateroma» (daí o prefixo atero-) em zonas mais frequ[ü]entemente afectadas de todo o sistema arterial. Essas zonas são, normalmente, zonas onde a circulação do sangue é um pouco mais irregular. Isso acontece em zonas de variação de calibre e viragem da dire(c)ção do fluxo do sangue, mas, mesmo assim, é um pouco aleatório. Existem vários fa(c)tores de risco para esta doença, para esta forma de arteriosclerose, bastante publicitados — tabaco, hipercolesterolemia (aumento dos níveis de determinadas gorduras no sangue), hipertensão, diabetes, obesidade, falta de exercício físico, velhice. As consequ[ü]ências da aterosclerose acabam por ser não só rigidez das artérias, mas também espessamento das paredes com encerramento da própria artéria ou até rotura. As consequ[ü]ências, em termos de sintomas, dessa obstrução dependem da artéria e do órgão que a artéria irriga, dependem do tipo de processo (se é um processo obstrutivo ou se ocorre rotura), e da velocidade do estabelecimento da obstrução (se é lento e progressivo ou se, após uma obstrução parcial lenta, ocorre uma obstrução completa rápida). Por exemplo, se for uma artéria coronária, que irriga o coração, pode ser angina de peito (obstrução parcial, com sintomas durante o esforço, quando as necessidades do órgão são maiores) ou enfartes do miocárdio (quando a obstrução é total e súbita); se for uma artéria carótida, pode causar vários tipos de acidentes vasculares cerebrais. Mas outros territórios (órgãos) podem ser atingidos e os sintomas serem diferentes. Um indivíduo afectado pode ter sintomas da lesão só num órgão ou em vários.
Para complicar ainda mais, existe ainda a palavra arteriolosclerose (tónica no terceiro o, mas com o segundo o a dizer-se também como na palavra só, e com o a fechado a dizer-se como no artigo a). Arteriolosclerose, como o prefixo indica, tem que ver com processos de esclerose nas artérias mais pequenas, distais – as arteríolas. As causas deste tipo de esclerose arterial são por vezes comuns às da arterioesclerose ou não. A diabetes, por exemplo, é fa(c)tor de risco tanto para aterosclerose como para arteriolosclerose. Só que, nesta última, os processos são diferentes e não passam pela formação da tal placa de ateroma. Se a causa é diabetes, diz-se arteriolosclerose diabética. Os sintomas, na arteriolosclerose diabética, são relativamente comuns na retina, nos rins, nos troncos nervosos, podendo causar cegueira, insuficiência renal, neuropatia (alteração das funões dos nervos), etc.
Espero não ter causado mais confusão com tanto detalhe, mas podemos resumir tudo como:
— Aterosclerose é uma das doenças que causam arteriosclerose.
— Arteriosclerose é o termo geral para esclerose das artérias.
— Esclerose é um processo degenerativo que envolve fibrose que tanto pode ocorrer nas artérias (arterioesclerose) como nas arteríolas — arteriolosclerose. Também pode ocorrer em outros órgãos, originando outras palavras com o mesmo sufixo (ex.: otosclerose, significando «esclerose do ouvido»).